O tempo passa veloz e quando se percebe 50 ANOS se passaram.
Porém esta rapidez não engole os fatos e nem ofusca a lembrança que teimosamente persiste. Neste instante, estamos certas, Ir. Maria José lembra muita coisa que compõe a sua história, como Filha do Divino Zelo. E quem está aqui gostaria de rezar com ela esta caminhada de Consagração.
No dia 28/04/1937, tardiamente (segundo nós humanos) ela entrou a fazer parte da família humana, acolhida carinhosamente por seus pais: Augusto Ferreira Coelho e Anna Maria Soares Ferreira. Era a 13ª filha e passou a infância, sozinha entre o generoso casal, que não relutou um instante se quer, em recebê-la como mais um presente das Mãos do Pai, como os dois gostavam de se referir à filha caçula.
Tomando o “presente” que eles receberam, correram a oferecê-lo ao Pai, no dia 27/06/1937, quando recebeu Batismo, com o nome Maria José. A semente da Vida Cristã estava lançada e os dois eram felizes por isto.
Dez anos mais tarde, no dia 15 de agosto de 1947, confirmou a fé que recebera, com o Sacramento do Crisma..
A partir de então Maria José sentia-se inteiramente responsável por ser filha de Deus e se encontrar no Seguimento de Jesus. Foi com esta noção de Vida Cristã que ela se preparara para a 1ª Eucaristia. Jesus Eucarístico passou a ser uma Presença especial em seu dia a dia. Foi diante da Eucaristia que decidiu a própria vocação, sonhando com algo- que ainda não sabia bem o quê - mas que Ele sabia e queria dela.
Os questionamentos se posicionaram diante dela: Jesus Eucarístico, cujo silêncio gritava forte em seu íntimo; o testemunho de suas duas irmãs Religiosas: Ir; Ana e Ir. Geraldina, que tanto lhe falavam do Sagrado Coração de Jesus; e de outro lado o testemunho de fé simples de seus pais que a conduzia a um encantamento todo especial por Maria. A Eucaristia, o Coração de Jesus, Maria tornaram-se o trio que a levaram à decidir. Principalmente a Eucaristia era algo muito especial em sua vida: tudo a conduzia a Ela que por sua vez sua foi abrindo a porta e desvelando o segredo acerca do caminho a seguir.
Num de seus momentos de Adoração Eucarística, tudo se tornou claro: Devo ser alguém que ajude a Jesus continuar sempre na Eucaristia. (Como se Jesus precisasse de ajuda de alguém!...).
Todavia, a caminhada de discernimento avançava mais rápido do que se esperava e ela chegara à certeza de que deveria viver unicamente para rezar pelos Sacerdotes.
Era costume seu, ao visitar uma Casa Religiosa, ir logo à Capela, “cumprimentar” o Senhor da Casa: Jesus Sacramentado. Quando se dirigia para lá, uma das Irmãs veio recebê-las e segurando Maria José pelos cachos do longo cabelo que tinha e disse-lhe a queima- roupa:
- “Você quer ser uma de nós?” A isto ela respondeu logo:
- Só me farei religiosa onde se reza pelos Sacerdotes! E ela retrucou-lhe imediatamente:
- É isto justamente o que fazemos por força de um 4º. Voto. E mostrou-lhe o Coração.
Maria José silenciou. Estava vencida. Por entre os dentes voltou-se para a amiga: “Uma finalidade tão linda e um hábito tão feio...”. E abriu a porta da Capela e entrando rapidamente, seguida pela amiga que sorria.
“ Tudo está reduzido ao mínimo denominador comum”- dizia para si mesmo em sua preferência pela matemática- “Aqui é o lugar que Ele me quer”. Retornando a casa deu a notícia aos pais, dizendo: amanhã tenho que ir à Casa São Vicente; eu prometi às Irmãs. Eles a olharam com ternura e respeito. Nenhuma objeção.
Esse compromisso não acabou nunca: existe até hoje.
No dia 13 de março de 1954, ela foi a 1ª jovem (adolescente) brasileira a entrar na Congregação, em Três Rios, RJ. Enfrentou inúmeras peripécias de um início da Congregação no Brasil, mas Ele a fascinava e o ideal (que de início pouco sabia) também: os Sacerdotes. Esse primeiro contato com o que ela chamava de ideal foi amadurecendo, crescendo e transformou-se- sem mudar a iniciativa primeira- mas tornando-se mais clara, com maior brilho, à luz da oração e da busca pessoal, chegando aquilo que a fascina o ROGATE que contém os Sacerdotes e tudo o que gira ao redor da Eucaristia: o Reino, a Messe, a salvação da humanidade com Jesus.
Esse período de busca e aprofundamento do ROGATE trouxe-lhe luta constate e dedicação pessoal durante o Noviciado, que se estendeu de 15 de agosto de 1955 a 02 de janeiro de 1958, quando fez a sua Profissão de seguir o Cristo do Rogate, com o votos de Obediência, Castidade e Pobreza e a Inteligência e Zelo do Rogate.
É’ essa Consagração total ao Seguimento, à Luz do Rogate que hoje (dia 02/01/2008) completa 50 anos. Dia de ação de graças por uma longa caminhada, que Ir. Maria José afirma ter certeza que iniciou exatamente lá, nas Mãos do Pai que a criou, e, desde o início para ser Filha do Divino Zelo.
Ir. Maria José Soares Ferreira -FDZ